Avaliação é um dos temas mais caros para quem trabalha com educação. Longe de ser apenas um detalhe do nosso trabalho ou um subproduto do mesmo, a própria palavra “avaliação” se relaciona ao nosso movimento de “dar valor a algo”.
Nesse sentido, quando pensamos e decidimos o que iremos avaliar ou como faremos isso, essa é necessariamente uma decisão da maior responsabilidade (e que, também por isso, envolve uma grande tensão). Afinal, o que está em jogo é, justamente, isto: o que estamos valorizando?
Se quando você pensa em avaliação escolar, a primeira coisa que vem à mente é a tradicional prova escrita... ligue o alerta, pois sua instituição de ensino pode estar atrasada.
Apesar de ainda ser um método relevante para testar o desempenho dos estudantes, os exames escritos não devem ser os únicos recursos utilizados nas instituições de ensino para avaliação da aprendizagem.
Quando a avaliação pode ser realizada?
Basicamente, podemos dizer que as avaliações podem ocorrer no início, no meio ou no fim, e que essas possibilidades costumam se ligar a diferentes funções que essas avaliações vão desempenhar na avaliação do estudante.
Para esclarecer essa relação entre os diferentes momentos nos quais a avaliação pode ser
realizada e as diversas funções que ela pode exercer, vamos retomar uma classificação de
Bloom et. All (1971) que diferencia as avaliações como mostraremos a seguir.
TIPOS DE AVALIAÇÃO ESCOLAR PARA APLICAR NO DIA A DIA
As avaliações diagnósticas, formativas, comparativas e somativas estão entre as principais modalidade de avaliação escolar. Em alguns casos, esses tipos de avaliação podem lançar mão dos mesmos instrumentos de aplicação, mas é fundamental observar que as intencionalidades de cada uma se diferem.
Conheça a seguir os exemplos de cada um dos tipos de avaliação e suas possibilidades de uso para a melhoria do processo de ensino-aprendizagem:
AVALIAÇÃO DIAGNÓSTICA
Realizadas para diagnosticar os pontos fracos e fortes do aluno na área de conhecimento em que se desenvolverá o processo de ensino-aprendizagem, e em geral precedem o início do curso propriamente dito, a fim de verificar se a “fundação da casa” está boa o suficiente
para que se erga sobre ela alguma “construção”.
– ou seja, busca-se através desse tipo de avaliação verificar se os estudantes ingressantes dominam todos os pré-requisitos que seriam necessários para a sua progressão posterior no curso.
Diagnóstica – Investigativa, previsão, o perfil do aluno e tendências na aprendizagem
Nesse tipo de avaliação, é comum ainda que se busque um panorama mais amplo da turma, mais do que exatamente o rendimento de cada estudante em particular.
As avaliações diagnósticas podem ser realizadas por meio de:
Provas ou testes escritos;
Provas ou testes orais;
Simulados;
Avaliações on-line;
Perguntas e questionários.
AVALIAÇÃO FORMATIVA
As avaliações formativas geralmente são realizadas durante todo o processo de ensino-aprendizagem, de fato acompanhando e impulsionando o progresso do estudante no curso, e ainda fornecendo dados para os professores responsáveis irem fazendo ajustes e atualizações que se mostrem eventualmente necessárias.
Ela detecta lacunas e proporciona solução para o enfrentamento dos obstáculos, sendo necessário ocorrer de forma contínua e não pontual.
Contínua ou Formativa – diagnóstica diária, o observa comportamento diante do processo
Utiliza o feedback mais ágil como principal componente do processo. De modo que possa interferir sobre o próprio processo de aprendizagem de determinados conteúdos, e não só sobre o produto final mais ou menos bem-sucedido dos estudos.
Dentre os principais instrumentos desse tipo de avaliação, podemos destacar:
Produções orais;
Questionários;
Listas de exercícios;
Seminários;
Autoavaliação;
Observação de desempenho;
Estudos de caso;
Produções audiovisuais;
Avaliações online;
Produções coletivas e individuais de trabalhos e pesquisas.
AVALIAÇÃO SOMATIVA
Foca mais no resultado final do que a trajetória percorrida pelo estudante durante a aquisição dos conhecimentos e habilidades.
Desta forma, não seria possível detectar e oferecer, em tempo adequado, soluções para corrigir eventuais dificuldades.
Servem, via de regra, para classificar se o estudante "passou" ou não, e ainda atribuir a ele uma nota específica que pretende servir de indicação oficial a respeito do desempenho do mesmo.
Final ou Somativa – os resultados, onde nós erramos, o que precisamos mudar para melhorar a qualidade
Essa função somativa ou classificatória continua a existir mesmo nos cursos que experimentam novas práticas e reforçam outras funções para as suas avaliações, já que estamos todos inseridos num sistema maior de educação que exigirá notas individuais para certificar os estudantes.
Nesse sentido, é interessante mantermos em mente não necessariamente uma intenção de extinguir esse tipo de avaliação, mas um esforço consciente de fazer com que as avaliações propostas com essa função reúnam também funções formativas, de modo a integrar e valorizar oficialmente as inovações educacionais mais avançadas que temos procurado de fato implementar.
Dentre os instrumentos mais comuns para quantificar e categorizar os resultados da avaliação somativa, estão:
Exames avaliativos escritos ao final de um período escolar;
Junção de uma ou mais atividades trabalhadas pelo professor;
Atividade de múltipla escolha;
Atividade de resposta construída.
AVALIAÇÕES COMPARATIVAS
Como o próprio nome já diz, a avaliação comparativa vai entender o aproveitamento de um aluno, comparando um período com outro. E esse tempo a ser avaliado e comparado pode ser definido pelos profissionais da educação.
Pode ser, por exemplo, o começo de uma aula e seu fim, ou um semestre com outro, um ano com outro. Se o período de comparação for menor, fica mais fácil acompanhar os resultados de perto.
É uma forma de comparar o aprendizado que o aluno tinha antes com o que ele adquiriu após o período pré-definido. Ao contrário da avaliação diagnóstica, por exemplo, aqui o desejado é que o aluno apresente domínio do conteúdo.
Aplicada durante ou depois de uma aula, ela pode acontecer por meio de:
Testes rápidos e/ou trabalhos simples durante ou ao final das aulas;
Resumos dos conteúdos trabalhados;
Observação de desempenho;
Relatórios;
Atividades para casa;
Autoavaliação;
Avaliações entre pares.
AVALIAÇÃO NAS METODOLOGIAS ATIVAS
A avaliação é outro momento especial na aprendizagem ativa. Fugindo do lugar comum de premiar ou punir o estudante, reprová-lo ou aprová-lo, através de alguns testes, meras verificações do condicionamento produzido pelo processo educacional (...o aluno será capaz de...), a avaliação nas metodologias ativas é contínua, constante, diagnóstica.
Visa, a cada momento, detectar falhas (não compreensão de conceitos, aprofundamento insuficiente do raciocínio dedutivo ou indutivo na discussão de problemas, falhas no interesse e participação, etc.) de modo que sejam prontamente corrigidas.
Utilizando-se desde reforço imediato dos conteúdos insatisfatórios, ajustes na programação e na trajetória para os objetivos, chegando até à assistência psicológica individual daqueles que não estejam lidando adequadamente com o desenrolar do processo.
As falhas não devem ser pesquisadas apenas no final de períodos, quando se encontram acumuladas.
As seguinte Metodologias Ativas também são consideradas como instrumentos de avaliação, tendo em vista a riqueza de possibilidades de colaboração, envolvimento e protagonismo dos estudantes:
Memorial Crítico
PBL – Aprendizagem Baseada em Problemas ou Problem-Based Learning
SAI - Sala de Aula Invertida ou Flipped Classroom
Método CAV - Ciclo de Aprendizagem Vivencial
Aprendi com Cristiane Brasileiro e Enilton Rocha ★
Fontes:
ANJOS, Rosana Abutakka Vasconcelos dos; ALONSO, Kátia Morosov; MACIEL, Cristiano. Avaliação de Ambientes Virtuais de Aprendizagem: análise de alguns instrumentos e modelos constituídos. In:Informática na Educação: teoria & prática, Porto Alegre, v. 19, n. 2, p. 93-105, jun./set. 2016.
BLOOM, B. S.; HASTINGS, J. T. e MADAUS, G. Handbook on Formative and Summative Evaluation of Student Learning. New York: McGraw Hill Co. 1971.
BRASILEIRO, Cristiane. Aula 5: Avaliação em EaD: um desafio para todos nós. Curso de Pós Graduação em Planejamento, Implementação e Gestão de EAD – Módulo II. Instituto de Matemática, Universidade Federal Fluminense, 2012.
GUSSO, Sandra de Fátima Krüger. O Tutor-Professor e a Avaliação da Aprendizagem no Ensino a Distância. In: Ensaios Pedagógicos: Revista Eletrônica do Curso de Pedagogia das Faculdades OPET.Número 2, Novembro de 2009, pp. 53-68.
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