Pensamento Crítico - A arte da reflexão
Algumas semanas atrás, encontrei-me com um grupo de educadores para discutir suas observações sobre o desenvolvimento de pensamento crítico em suas experiências de aprendizagem em salas de aula.
Os educadores sinalizaram que, embora os alunos pudessem dizer com precisão o que estavam fazendo, eles tinham dificuldade para sinalizar como poderiam estar aprendendo.
Em resposta, sugeri incluir uma atividade diária de reflexão. Quer os alunos usem áudio, vídeo ou caneta e papel, incentivá-los a dedicar alguns minutos para capturar não apenas o que aprenderam, mas também como e por que, pode, em última análise, permitir que eles aprendam fazer conexões mais profundas com o conteúdo.
Isso naturalmente nos leva a uma conversa sobre Portfólios Reflexivos. As discussões do portfólio geralmente se concentram nas ferramentas: como salvar, compartilhar e publicar o trabalho dos alunos.
Quando, em vez disso, deixamos o processo de curadoria, reflexão e compartilhamento servir como ponto focal, os portfólios tornam-se de natureza somativa e podem ser vistos como um complemento ao final de uma unidade, curso ou atividade.
Para que os portfólios reflexivos sejam realmente valiosos para aprendizes e facilitadores, eles precisam fornecer informações não apenas sobre o que os alunos criaram como uma representação de seu aprendizado, mas também como e por que eles o criaram.
Se o objetivo final é desenvolver os alunos como aprendizes, eles precisam de uma oportunidade para fazer conexões com o conteúdo, bem como com os objetivos gerais de aprendizagem.
Portfólios de Progresso e Desempenho
Através do ato de coletar artefatos de aprendizagem e compilá-los em portfólios reflexivos, os aprendizes devem ter a oportunidade de refletir sobre suas experiências e ver seu próprio crescimento. Esse é um nítido exemplo de aprendizagem ativa.
No livro Portfólios Digitais de Estudantes, Matt Renwick discute a necessidade de portfólios de progresso e desempenho:
“Ao capturar o progresso do aprendizado do aluno e desempenho no momento... podemos dar vida ao aprendizado."
Artistas e escritores costumam manter um portfólio para refletir sobre seu trabalho.
Leonardo DaVinci guardava centenas de manuscritos documentando seu pensamento em notas, diagramas e esboços.
De maneira semelhante, os aprendizes podem selecionar um conjunto de trabalho que represente seu progresso, bem como seu desempenho para mostrar seu pensamento ao longo de suas experiências de aprendizagem.
Além disso, quando incentivamos os alunos a capturarem seus pensamentos diariamente, a reflexão deixa de ser apenas uma tarefa ao final de um curso.
Para construir autoconsciência, autorregulação e autorreflexão, os alunos precisam de tempo e suporte.
Ao incentivá-los a documentar suas estratégias de estudo, sua confiança com o material e as conexões que podem fazer entre as unidades de estudo ou mesmo entre os cursos, os educadores podem ajudar os alunos a desenvolver, e reconhecer, suas habilidades como aprendizes.
Ensinando a arte da reflexão
A questão permanece: Mas como ensinamos a reflexão?
Muitas vezes, os alunos lutam com a reflexão porque não entendem o que deveriam aprender e por quê. E se os alunos soubessem desde o início do ano letivo que todo o seu trabalho apoiaria duas ou três questões essenciais, como por exemplo:
Quais são as características de bons solucionadores de problemas?
Se os alunos mantiverem as questões essenciais na frente de seu pensamento, imagine o impacto ao documentar seu progresso e seu aprendizado.
Os facilitadores também podem aproveitar as Rotinas de Pensamento Visível para promover a reflexão dos alunos. Desenvolvidas no Projeto Zero de Harvard, essas perguntas apoiam a investigação dos alunos e orientam a metacognição.
Por exemplo, os facilitadores pedem aos aprendizes no final de cada dia ou semana para responder à rotina Conectar, Estender, Desafiar:
Conectar: Como as ideias que você aprendeu estão conectadas com o que você já sabia?
Estender: Como seu aprendizado estendeu seu pensamento?
Desafio: O que você ainda acha desafiador ou intrigante?
Fonte: The Connect, Extend, Challenge thinking routine was developed by Project Zero, a research center at the Harvard Graduate School of Education.
Essa rotina ajuda os alunos a sintetizar ideias e fazer conexões com o conteúdo anterior, incentiva-os a questionar e buscar novas questões e oferece-lhes a oportunidade de reconhecer o que ainda não sabem.
O pensamento crítico dos alunos, apoiado pela utilização de questões essenciais e Rotinas de Pensamento Visível, cria um modelo robusto para portfólios reflexivos digitais.
Como a ênfase não é simplesmente publicar e compartilhar produtos, o aprendizado continua sendo o foco central.
À medida que os alunos refletem sobre cada experiência, eles se tornam mais conscientes dos processos e estratégias que os tornam bem-sucedidos, permitindo que aprendam com seus sucessos, bem como com seus desafios ou fracassos.
O desafio
Rhonda Mitchell, professora da Trinity School em Atlanta, uma vez escreveu:
“O verdadeiro poder do portfólio está na revisitação”
Como educadores, nosso desafio é garantir que os alunos tenham a oportunidade de se envolver na reflexão, de modo que criem um produto significativo para realmente visitar (e aprender) repetidamente.
Uma vez utilizado como estratégia potencializadora da reflexão acerca das práticas desenvolvidas pelos próprios aprendizes, promovendo a construção de conhecimento contextualizado com a realidade de quem está escrevendo ao mesmo tempo que facilita a apreensão de conceitos/teorias aprendidos em sala de aula, o Portfólio Reflexivo constitui-se de uma importante Metodologia Ativa que apoia a formação de aprendizes críticos e reflexivos.
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