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Isadora Souza

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Isadora Souza

Estudo em Harvard defende esforço pela aprendizagem ativa

Estudo questiona aula expositiva e revela que estudantes e professores preferem estratégias de aprendizagem que demandam menos esforço como aulas tradicionais, ao medir aprendizagem real x sentimento de aprendizagem.


Apesar do aprendizado ativo ser reconhecido como um método superior de ensino-aprendizagem a ser usado nas salas de aula, a maioria dos professores de curso introdutório de física da Universidade de Harvard ainda escolhem métodos tradicionais de ensino, de acordo com pesquisadores de um estudo recentemente publicado no períodico Proceedings of the National Academy of Sciences.


Ao comparar aulas passivas com aprendizado ativo através de uma abordagem experimental aleatória e materiais idênticos, descobriu-se que os alunos em sala de aula ativa aprendem mais, mas sentem que aprendem menos.


O estudo mostra que essa correlação negativa é causada em parte pelo aumento do esforço cognitivo necessário durante o aprendizado ativo.


Os pesquisadores dividiram o curso introdutório de física em dois grandes grupos. Ambos os grupos receberam conteúdo e apostilas idênticos, os alunos foram designados aleatoriamente e os professores não fizeram nenhum esforço para convencer os alunos dos benefícios de qualquer um dos métodos.


Nas primeiras 11 semanas do curso de 15 semanas, os professores usaram principalmente aulas expositivas em ambos os grupos. A partir da 12ª semana, no entanto, os professores do primeiro grupo continuaram com esse método, enquanto os do segundo grupo mudaram para uma abordagem ativa e centrada no aluno, caminhando pela sala fazendo perguntas e orientando grupos que precisavam de ajuda.


No primeiro grupo, o professor usou slides, explicou conceitos e resolveu problemas em uma lousa enquanto os alunos ouviam. No segundo grupo, o professor começou a aula com os mesmos slides e explicações, mas, em vez de orientar os alunos sobre um problema, eles eram estimulados a trabalhar em pequenos grupos para descobrir as soluções.

No final de cada aula, os alunos respondiam um teste de múltipla escolha para verificar a compreensão do material e avaliar seus sentimentos sobre o aprendizado. Eles tinham que considerar respostas como “gostei desta aula expositiva” e “sinto que aprendi muito com essa aula expositiva”.


Os alunos nas salas de aula ativas aprenderam mais (como era esperado com base em pesquisas anteriores), mas sua percepção de aprendizagem, embora positiva, foi menor do que a de seus colegas em ambientes passivos. Isso sugere que tentativas de avaliar a instrução com base nas percepções de aprendizagem dos alunos poderiam, inadvertidamente, promover métodos pedagógicos inferiores (passivos), afirmam os pesquisadores.


Mais importante ainda, esses resultados sugerem que, quando os alunos experimentam o aumento do esforço cognitivo associado ao aprendizado ativo, inicialmente realizam esse esforço para significar um aprendizado mais ruim. Essa desconexão pode ter um efeito prejudicial na motivação, no envolvimento e na capacidade dos alunos de auto-regular sua própria aprendizagem.


A pesquisa também mostra que estratégias ativas de ensino aumentam a participação em palestras, o envolvimento e a aquisição de atitudes de especialistas em relação à disciplina, mas apesar desta evidência esmagadora, a maioria dos professores ainda utilizam métodos tradicionais, pelo menos em cursos universitários de grande número de alunos por disciplina.

Por que esses métodos inferiores de instrução persistem? Os instrutores citam muitos obstáculos que os impedem de adotar estratégias ativas de ensino, como tempo insuficiente, recursos limitados, falta de suporte departamental, preocupações com a cobertura do conteúdo e preocupações com as avaliações do ensino.

Eles também percebem que os estudantes resistem a estratégias de ensino ativas e preferem métodos tradicionais. De fato, um terço dos professores que tentam ensinar ativamente acaba revertendo para palestras passivas, muitos citando as queixas dos alunos como o motivo. Os professores relataram que os alunos não gostam de ser forçados a interagir uns com os outros e ressentem-se do aumento da responsabilidade por seu próprio aprendizado.


Esses achados são consistentes com as observações de que os alunos "novatos" em um assunto são maus juízes de sua própria competência, e a fluência cognitiva das palestras pode ser enganosa. Essas percepções errôneas devem ser entendidas e abordadas para que as estratégias instrucionais ativas baseadas na pesquisa sejam mais eficazes e se espalhem.


Segundo a pesquisa, a literatura mais recente mostra que, se os professores explicarem e destacarem os benefícios da aprendizagem ativa, as atitudes dos alunos em relação a ela poderão melhorar ao longo de um semestre. Embora o estudo tenha se concentrado em estudantes universitários, aqui mais algumas dicas que beneficiam alunos de todos os níveis:

  • Incentive os alunos a ver o esforço como algo produtivo - se sentir à vontade em se esforçar e considerá-lo uma parte necessária do aprendizado ajuda a resolver problemas desafiadores;

  • Ajude o aluno a desenvolver habilidades metacognitivas - pergunte “Alguma coisa confusa ou difícil?”, esse tipo de abordagem pode diminuir a disparidade entre o aprendizado real e o percebido.


Publicado originalmente em PNAS.org e traduzido para fins de divulgação científica livre



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