Enquanto o plano de ensino abrange um extenso período e a visão geral da matéria (macro), o plano de aula é o roteiro de cada aula, cada encontro (micro).
Ministrar uma boa aula requer mais do que talento por parte de quem atua na docência. Exige estudo, planejamento, organização e criatividade, dentre outros aspectos.
Um professor comprometido quer mesmo é fazer com que os estudantes apreendam não só o conteúdo, mas também exercitem a capacidade de pensar criticamente a realidade que os cerca.
Apresentaremos a seguir todas as diferenças, com um passo a passo completo e fácil do que deve compor um Plano de Aula e Ensino:
Plano de Ensino
Por onde começar?
O planejamento e organização de uma disciplina tem início na elaboração do plano de ensino, afinal ele é o mecanismo que norteia a prática pedagógica, facilitando o desenvolvimento de uma disciplina curricular.
Um plano de ensino pedagogicamente adequado é dinâmico, crítico e reflexivo, além de dialógico e flexível, no sentido de dar espaço para que os estudantes possam ajudar a construir as aulas.
Não se trata aqui de transferir a responsabilidade do professor para o estudante, mas de ouvir o que os estudantes têm a dizer.
Conforme a pedagogia da autonomia de Paulo Freire (2006):
O processo pedagógico é uma relação dialética entre educador e educando, rompe com a visão tradicional do educador como o detentor do saber e o educando como aquele que irá aprender o saber transmitido pelo educador.
Fonte de Imagem: Wikipedia
O Plano de Ensino, também denominado Plano de Aprendizagem ou Projeto de Ensino, é a sistematização da proposta geral de trabalho de um professor num determinado componente curricular, eixo, módulo ou disciplina.
Precisa responder às seguintes perguntas:
O que ensinar?
Para quem ensinar?
Para que ensinar?
Quando ensinar?
Como ensinar?
Que estratégias usar?
Com quais recursos didáticos e tecnológicos?
Como avaliar?
O planejamento do ensino é a previsão das ações e procedimentos que o professor irá realizar junto aos seus estudantes, além da organização das atividades dos estudantes e das experiências de aprendizagem, visando aos objetivos educacionais estabelecidos.
O Plano de Ensino da disciplina é elaborado a partir das orientações das Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN), tendo como fundamento as metodologias ativas de ensino-aprendizagem.
Nesse processo de ensino-aprendizagem, os conhecimentos novos dialogam com os saberes, vivências e experiências dos estudantes, favorecendo aprendizagens significativas. Os docentes atuam como facilitadores e apoiadores no processo de aprendizagem.
Ao elaborar o planejamento didático, o professor antecipa, de forma organizada, todas as etapas dos processos de ensino e aprendizagem.
Cuidadosamente, identifica os objetivos que pretende alcançar, indica os conteúdos que serão desenvolvidos, seleciona os procedimentos que utilizará como estratégias de ação, organiza o cronograma e prevê quais os instrumentos que empregará para avaliar o progresso dos discentes.
Itens do Plano de Ensino
Considere incluir os seguintes itens:
Dados de identificação da unidade curricular (curso, Departamento/Unidade Acadêmica, natureza e carga horária da unidade curricular, docente responsável)
Ementa (sinopse do conteúdo)
Objetivos (geral e específicos)
Conteúdo programático
Estratégias Educacionais (Métodos didáticos de ensino)
Plataforma de ensino remoto
Critérios de avaliação
Cronograma (com detalhamento para 10 semanas)
Bibliografia (básica e complementar)
Em geral, o Plano de Ensino contém os objetivos gerais do componente curricular, integrado com os objetivos daquele momento da formação do estudante, relativos à construção/aquisição de conceitos, atitudes e habilidades.
A aprendizagem centrada no estudante exige a construção de um itinerário pedagógico que possibilite a correlação dos conteúdos apresentados e discutidos na disciplina com as experiências e vivências dos alunos.
Para tanto, os professores utilizam-se de um conjunto de estratégias pedagógicas diversificadas (vídeos, documentários, seminários, debates, aprendizagem em pares, leitura de textos, visitas a campo e elaboração do portfólio reflexivo e outras metodologias ativas).
O processo é dinâmico e a avaliação é contínua, baseada no retorno dos estudantes.
Além da definição das estratégias de ensino-aprendizagem (de preferência metodologias ativas), o Plano de Ensino estabelece os momentos, métodos, estratégias e critérios de avaliação.
Finalmente, o Plano de Ensino deve apresentar um conjunto de referências bibliográficas cuidadosamente escolhidas, representativas do conhecimento atual, com base em sólida investigação científica.
A complexidade da leitura sugerida deve ser coerente com o momento da formação e com o conhecimento prévio dos estudantes. Além disso, é essencial que as referências sugeridas possam ser lidas no tempo disponibilizado e que seu acesso seja garantido.
Já dialogamos sobre o Plano de Ensino, compreendendo todas as etapas do planejamento didático. Agora, é o momento de refletirmos sobre a organização de planos de aulas ou sequências didáticas.
Plano de Aula
Por onde começar?
O Plano de Aula é o recorte do Plano de Ensino para um ponto específico do programa, contendo a proposta de trabalho do professor para uma determinada aula ou conjunto de aulas.
É através do plano de aula que o professor sistematiza o conteúdo de cada momento, listando objetivos, metodologia e bibliografia.
No Plano de Aulas, o professor especifica e operacionaliza os procedimentos para a concretização do Plano de Ensino elaborado para as atividades a serem vivenciadas no semestre ou ano letivo.
Ao planejar uma aula, o docente seleciona os conteúdos que são conhecimentos socialmente produzidos e agrupados em blocos definidos de acordo os campos conceituais.
Os conteúdos podem ser fatos conceituais, habilidades e atitudes. Por isso, eles podem ser abordados em três categorias:
Conceituais:
Envolvem fatos, conceitos e princípios (teoria e princípios);
Apreensão de conhecimento;
Significado do saber sem si; compreender; saber o que é.
Habilidades:
Envolvem procedimentos, ou seja, a ação do saber fazer;
Procedimento que o estudante vai ter diante do conteúdo;
Praticar; saber como fazer.
Atitudinais:
Envolvem abordagem de valores normais e atitudes;
Atitude que vai passar a ter em relação ao conteúdo;
Posicionamento; opinião; saber ser; saber escolher.
Planejando as Aulas
No livro "Diálogos com Docentes sobre Ensino Remoto e Planejamento Didático" (2020) estimula-se a reflexão sobre os seguintes itens no momento do planejamento:
Perfil dos estudantes:
Pense no perfil do discente, nas suas expectativas, na diversidade de ritmos e estilos de aprendizagem. Considere as particularidades do público participantes e tente planejar
sua aula com base nesse diagnóstico inicial. Se for possível, considere o perfil do egresso.
Conteúdo programático:
Com base no perfil dos estudantes, tente pensar em um tema gerador, ou seja, sua aula tratará sobre o quê? Que assunto será priorizado?
Selecione os conteúdos propostos para a aula. Considere a articulação entre o que você está propondo e as expectativas dos participantes.
Objetivos:
Pense no objetivo principal da aula (objetivo geral) e nos objetivos específicos. Que metas você pretende atingir? O que você espera alcançar?
Reflita sobre a aprendizagem dos estudantes. Elabore objetivos didáticos com foco na aprendizagem ativa deles.
Competências:
O que você deseja que os estudantes consigam aprender? Que competências o discente deverá construir?
Metodologia:
Quais serão os caminhos que você irá utilizar para facilitar a construção das competências por parte dos estudantes?
Que situações didáticas de ensino-aprendizagem você irá desenvolver? Pense em situações que incitem a criatividade e o protagonismo do discente.
Motive o estudante à reflexão por meio de uma metodologia ativa de trabalho direcionada à aprendizagem significativa.
Recursos didáticos/tecnológicos:
Materiais didáticos, roteiros de estudos, games, recursos audiovisuais, recursos educacionais abertos (REA), vídeos, quiz, simulações, rotinas de pensamento?
Quais os recursos materiais e didático-pedagógicos que irão auxiliar o seu trabalho?
Avaliação:
Pense nos critérios e nos instrumentos de avaliação. Tente diversificar os instrumentos (testes, exercícios, pesquisas, debates presenciais e virtuais, fórum de discussões, artigos, projetos, resumos, resenhas, seminários, etc).
Estimule o estudante à autoavaliação. Incentive a avaliação de todo o processo (do
seu trabalho como docente, os papéis e os desempenhos dos colegas estudantes, os materiais usados, as estratégias e os recursos didáticos etc.)
Itens do Plano de Aula
Considere incluir os seguintes itens:
Dados de identificação da aula (Disciplina, título da aula, docente responsável e data)
Objetivos Educacionais (geral e específicos)
Estratégias Educacionais (Métodos didáticos de ensino)
Conteúdos
Gestão do Ambiente de Aprendizagem (organização do espaço de aula, recursos/amteriais e regras específicas)
Sistema de Avaliação (critérios de avaliação e instrumentos avaliativos)
Bibliografia (básica e complementar)
O planejamento educacional precisa ser considerado em sua complexidade. A complexidade deriva principalmente da necessidade constante de atualização e customizações dos planos de ensino e aula, assim como uma dedicação de tempo.
Além do conhecimento didático e pedagógico específicos para cumprir as etapas do planejamento educacional, para que a integração de metodologias ativas seja possível, é necessário o estudo constante e aperfeiçoamento para conhecer cada vez mais recursos e ferramentas didáticas de ensino.
Referências:
Reis FJC dos, Panúncio-Pinto MP, Vieira MNCM. Planejamento educacional. Medicina (Ribeirão Preto) [Internet]. 3 de novembro de 2014 [citado 10 de outubro de 2022];47(3):280-3. Disponível em: https://www.revistas.usp.br/rmrp/article/view/86616.
Oliveira MSL, et al. Diálogos com docentes sobre ensino remoto e planejamento didático. Recife: EDUFRPE, 2020.
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